Choque desocupa área de acampamento do MST
Cerca de 300 acampados ocuparam a área e foram retirados com arremessos de gás lacrimogêneo

CAMPO GRANDE NEWS
Em vídeos encaminhados ao Campo Grande News, é possível ouvir um dos agentes do Batalhão de Choque afirmar em voz alta que "era uma ordem". Na sequência, um dos acampados pede a presença do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para estabelecer um diálogo e solicita um prazo de pelo menos uma hora para retirar a infraestrutura, os animais e parte da plantação.
O mesmo agente reforça: "não há reunião com o Incra, não vim para negociar com você, ou vocês saem ou eu tiro". Em seguida, os policiais organizam a tropa em barreira e avançam com tiros de balas de borracha e bombas de gás.
Uma das integrantes do grupo, de 53 anos, que preferiu não divulgar o nome por receio de represálias, afirmou que o Batalhão de Choque apenas informou que havia uma "ordem", sem apresentar qualquer mandado judicial. "Eles não apresentaram mandado judicial, não mostraram nenhum papel. Vieram para tirar a gente e pronto. Não estão deixando ninguém entrar ou sair. Derrubaram todos os barracos. Ainda não tivemos registro de feridos por bala de borracha", relatou.
De acordo com ela, as entradas e saídas da área foram bloqueadas, e o Choque chegou a fechar parcialmente a MS-379. O grupo reivindica a destinação da terra, considerada improdutiva, para a produção de alimentos. Conforme apuração da reportagem, o local fica ao lado da unidade da JBS Aves, e uma fonte da PM informou que as terras pertencem à empresa.
"É nosso direito reivindicar essa terra improdutiva. Essa terra é da União. São 30 anos sem produzir nada, e agora estão destruindo nossos barracos", afirmou uma das acampadas do MST.
Na página oficial do MST em Mato Grosso do Sul no Instagram, foi publicado que trabalhadores montaram o acampamento nas primeiras horas da manhã de ontem, em uma ação que integra a Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, que em 2025 marca a luta dos Sem Terra com o lema “Ocupar para o Brasil alimentar”, durante o Abril Vermelho.
O local já havia sido ocupado anteriormente e, em 29 de agosto do ano passado, um incêndio consumiu oito barracos na mesma área. Conforme apurado pela reportagem, este foi o segundo incêndio registrado na região próxima à rodovia MS-379, onde cerca de 270 pessoas ocupavam barracões improvisados, construídos com lonas e madeira compensada.
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