Indígenas rejeitam R$ 250 mil para poços artesianos e mantêm bloqueio em rodovia
Para representantes das aldeias Bororó e Jaguapiru, montante é considerado insuficiente
CAMPO GRANDE NEWS
A principal justificativa para a recusa é que o montante seria inadequado para a perfuração de poços com profundidade superior a 50 metros, conforme cálculos feitos pelos próprios manifestantes. Além disso, a obra seria iniciada em 60 dias - prazo considerado inviável para quem reside na aldeia.
Segundo relatos ouvidos pela reportagem, não houve consulta técnica aprofundada para validar os custos apresentados, o que gerou descontentamento imediato entre os indígenas.
No entanto, duas cartas de compromisso com a contrapartida do estado para a liberação do tráfego foram assinadas pelos representantes. No texto, o governo discorre que está articulando com a estatal Sanesul (Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul) para entrega de quatro cargas de água em carro pipa por dia, de segunda a sexta, além do recurso financeiro provido pela UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), que irá custear as obras.
Além disso, o texto recebido na tarde de ontem busca fortalecer as tratativas com o Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena) para a entrega de caixa de água, principalmente para mães de filhos deficientes e pessoas em vulnerabilidade. "O Estado não está omisso e busca parcerias com a bancada federal para minimizar a situação".
Além da rodovia MS-156, outros trechos, como o anel viário de Dourados, vão permanecer interditados por famílias indígenas que exigem uma solução emergencial para o problema. A PMR (Polícia Militar Rodoviária) ainda não divulgou informações atualizadas sobre a situação na rodovia.
Os manifestantes pedem que governos federal, estadual e as prefeituras de Dourados e Itaporã assinem compromissos formais para o envio de caminhões-pipa e a execução das obras de perfuração dos poços. A proposta de liberação parcial das estradas, mediante a promessa de implementação em até 40 dias, também havia sido rejeitada.
Na última sexta (22), a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, anunciou que as aldeias de Dourados seriam contempladas na segunda etapa do programa Água para Todos, que prevê R$ 60 milhões para levar água a comunidades indígenas em outros municípios da região. Contudo, não há previsão de quando a iniciativa alcançará Dourados.
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