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Naviraí - MS,19/09/2024

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Rio Ivinhema seca devido a vários fatores

Antes navegável, um trecho virou 'praia' de pedras, em Batayporã

Fonte: DIVULGAÇÃO
Rio Ivinhema seca devido a vários fatores Praia' de pedras que se forma no Rio Ivinhema desde maio

'Você olha e não acredita'. O pescador Renato Martins, 43, está impressionado com as condições do Rio Ivinhema. Míngua igual a outros de Mato Grosso do Sul, num ano de seca histórica. 

Antes navegável, um trecho virou 'praia' de pedras em Batayporã. Renato e os companheiros de pesca dizem nunca ter conseguido andar ali, como fazem hoje. Em outra parte, a água bate nos joelhos e dá para atravessar de uma ponta à outra sem barco.

Barco esse que tem dado prejuízo ao pescador e à pescadora Irene da Silva, 56. As pedras e os bancos de areia estão quebrando as hélices do motores. 'Motor estragado é uma 'pancada' para consertar', fala Renato, isso sem falar no risco de acidentes.

Irene mora em Nova Andradina e vive à beira do rio Ivinhema desde nascida. Testemunha que a fartura de água e peixes está diminuindo ano a ano. Relata que viu secura abaixo da ponte da rodovia MS-141, além de ver escassez de água no afluente Rio São Bento e no Córrego Papagaio. 'É uma tristeza muita grande', comenta.

PESCADORES APONTAM CULPADOS

Os pescadores Renato, Irene e também Nelson Gouvea, 41, associam o que veem, principalmente, às atividades da Usina Hidrelétrica Sérgio Motta, conhecida como Porto Primavera. A pescadora vê que mudanças acontecem no nível das águas e na biodiversidade dos rios desde os anos 2000, quando a indústria geradora de energia elétrica foi instalada.

'Vem só acabando. De quatro anos para cá, fecharam as comportas e piorou a situação. Peixe tem bastante. Mas com o nível da água assim, vai atrapalhar a piracema', complementa Renato.

A situação é a mesma observada em outros afluentes da Bacia Hidrográfica do Paraná, como o Dourados, o Vacaria e o Brilhante, por exemplo. 

O outro fator que os pescadores relacionam à situação é ter chovido menos na época de cheia e a estiagem e altas temperaturas predominarem nos meses seguintes. Análise do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), confirma a impressão, apontando que a seca é histórica e nunca houve uma tão extensa no País quanto a de 2024.

Desmatamento que deixa 'barrancos pelados' às margens do rio, abertura irregular de valetas em fazenda, além da presença de gado em área de preservação é o que Nelson mostra em vídeos gravados para registrar que 'a natureza pede socorro'. Ele também acredita que as usinas de cana-de-açúcar na região ameaçam o patrimônio que o rio representa para as famílias de pescadores e para o equilíbrio ecológico.

O QUE DIZEM OS PESQUISADORES

O professor da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems) e pesquisador de ambientes naturais, Yzel Rondon Súarez afirma que a baixa vazão do Ivinhema e dos demais rios da Bacia Hidrográfica do Paraná pode ter duas causas centrais: a falta de chuva e o controle de inundações em represas, que não ocorre apenas na usina hidrelétrica apontada pelos pescadores.

'Primeiro, existe uma variabilidade natural entre os anos, ou seja, alguns são mais chuvosos e outros mais secos e isso interfere no nível dos rios. Segundo, os represamentos existem para produzir energia elétrica, mas alguns são utilizados também para 'controlar' inundações, como foi o caso da represa de Manso, logo acima de Cuiabá (MT)', começa.

A maioria das represas têm o objetivo produzir energia elétrica. Precisam reter a água para manter a produção no período de seca. É o que a assessoria de imprensa da administradora da Porto Primavera já afirmou que está sendo feito, por determinação do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) e do Ministério de Minas e Energia.

'Mas esse processo interfere no ritmo normal das cheias e secas e, consequentemente, na piracema, já que os peixes evoluíram para se reproduzir com o início do período de chuva. Assim, os pescadores estão certos em dizer que as represas são parcialmente responsáveis pela redução dos peixes e mesmo pelo nível dos rios, mas não se pode colocar a culpa em apenas uma represa, já que existem dezenas de outras represas acima de Porto Primavera, cada uma retendo um pouco de água', continua Yziel.




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